torpe é a noite que me toma em desanestesias
olhar digno sobre mim e minhas importâncias me perguntam:
percebe?
- se?
titubeio,
cerro os olhos em profunda consideração.
confusão.
é difícil dizer de onde falamos e calamos ,
ainda que sempre noturnamente de um terceiro andar
que me eleva em submissões várias.
terrea e horizontal numa cama escura
de onde vejo minhas estrelas a desabar antes da supernova.
eu durmo submersa donde subversões perveseiam- se em hibernações minhas.
sim.
quando?
é a pergunta que me toma,
que eu me dou,
que eu laço e me lanço como num encontro.
quando é que se dá a verdade de mim mesma?
quando é que vai aprender a inverter eixos?
blá, blá, blá noturno não me esquiva de mim.
não espero mais telefonemas meu,
ainda que guarde, distraidamente,
meu próprio número na agenda.
tento o desvicio de dependências tais,
as mesmas do "não-mais".
não escolho, mas não por falta de vontade.
verdade.
coleciono então atada, desejos que se acumulam e bonificam.
um dia eu troco,
troco e deixo troco pra uma vida que anda me pagando mal,
turvando meus olhos e enganando meu tato.
cartesianamente me fodo e em hipótese alguma considero.
há que tomar atitudes,
ouviu?
ouviu inércia minha eu?
ouço do fundo de um quarto de penumbra
onde recomponho a maquiagem pra uma vida fácil-
habilidade que não borra em momentos de verdades,
raros.
cosméticas próprias essas a que me inventei
fixando nos tons escolhidos a lágrima represa num riso constante,
distante.
num olhar conhecido,
aquele que avulso de um corpo ébrio,
preserva-se a sobriedade de um dor pungente que não cessa e nem adormece.
dramim de mim,onde repouso ou não ouso?
com esses mesmo olhos considero-me.
resta-me a eles,
eu lacrimejando minha história de um rastro salgado de verdade
necessária para um sorriso doce.
consternada olho ultima vez pelo escuro dos ultimos minutos de um quarto.
as estrelas do teto não brilham.
humilde excessa ,
agora em constelação própria.

Nenhum comentário: