sim, eu poderia continuar a desenhar minhas estrelas nas tuas mãos, cartografias aéreas ensaiadas em previsões tendenciosas. poderia continuar a nublar os olhos pequenos com as cores turvas que coleciono. poderia continuar a dividir contigo contrastes a nos proteger de luminescências. meus óculos, suas sombras. poderia miliuma vezes, antes de morrer, viver as histórias que a gente tanto gosta, escrevendo legendas particulares em cenas ineditamente protagonizadas. poderia continuar a marcar sua carne com as cores da minha madrugada - presença. poderia continuar a espalhar meu perfume por coisas de seu domínio, só para não deixar que você, independente e seguro, me esqueça. [som de piano, impromptu, sussurro: don´t forgive me] poderia escrever, numa gramática reconciliada, todos os tempos do mundo. inventar eras, eternos, tragédias, desastres e linhagens.
mas não é tempo ainda.

por isso, há que se guardar o amor para o apocalipse que advêm, para que entre escombros, te flertar com olhar certo e adormecer firme e concília juntando meus cabelos aos teus.

sussuro[estamos seguros]sussurro

te amo hoje, sem esperar eternidades.sendo assim, aguardemos.
vamos a um café, capuccinos e carícias em números pares.
mas não além.

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