::sobre ele [para ele]

olhares piscados, línguas secretas, rabiscos em alemão para contornar o que se sente. inédito enquadre, intuito. eu digo, ele diz. desde a primeira vez eu o quis, hoje muito mais.

moro agora neste lugar preferido, um descampado em pele branca marcado de pintas- alvos- meus. e grande é ele, fazendo que eu levante meu pescoço para ganhar altura quando estamos abraçados. e ele abraça como quem circunscreve, eu ponto, me centra. me carrega nos ombros, em lúdica segurança declarada, eu rio.

deitada ao seu lado eu driblo a escuridão e desenho em percurso cada movimento dele, respiração de sono colada á minha pele- travesseiro. ele grande justo e certo no meu colo.

ele muito menino, muito homem, muito meu, muito dono.

ás vezes ele é sério, firme como suas observâncias silenciosas. traz aí o que me pesca: olhos profundos que me contam do que sinto, olhos seus que empoeirados de sono, me cercam de manhã e quando acesos á noite, me despertam de breu.

gosto da sua preguiça que me envolve em mimos e sonolência, da sua animação que me faz rir de danças fofas e cócegas inesperadas, achando qualquer alegria destas, inédito acontecimento. gosto também do jeito como aprende, como ensina e como conta coisas: detalhes encaixados na boca fofa, proprietária de toda palavra nascente.

e me ganha, me conquista no que diz e ele me diz de tanto, me diz de céu, de placas tectônicas, de teorias filosóficas, de coisas engraçadas, de bebedeiras, de infância fofa sua e adolescência rebelde, da saudade que sente por mim em noite distante, me diz de meus defeitos com respeito, do quanto gosta de limão, de bandas que teve, de bandas que gosta, de filmes que viu e que carinhosamente insiste com a minha preguiça para que eu os veja, me diz de ácaros e de gatos, do seu medo[ receio, medinho] de pit-bull me diz de faunas, floras , guiness, me diz dos carinhos meus que gosta, da sua insatisfação com camisas largas, de estrelas e buracos negros, da diferença de “maior que o mundo” e “maior que o universo”, de falhas meteorológicas, de aspirações profissionais, me diz da minha desorganização, achando mais fofo do que repreensível, me diz de seus medos, de seus feitos corajosos, de suas lembranças ternas, de seus planos esperançosos, de mim nos seus planos esperançosos, do medo infantil da medusa, do filme nosso e de todas as semelhanças, da sua preferência pelo meu cabelo grande, me diz que eu não posso passar maionese com a mesma faca que se corta o pão, de seus pensamentos engraçados- mau- humorados, me diz da sua vontade de ter uma moto e me levar na garupa, da sua teoria sobre gatos e murphy, me diz de atlântida, de mitologia grega e do que sente por mim, me diz de histórias da família e de como fazer um churrasco foda, me diz “pertinente” “shopping” “Gmail” “niedlich” com a boca mais linda do mundo ; e me diz de palavras que eu nunca ouvi, e me impele a dizer o que nunca disse.

ele me apaixona como se pela primeira vez , sempre que ponho meus olhos e ouvidos nas suas aparições todas; ele me surpreende, me assusta de alegrias e felicidades agora tão habituais; ele eu escolho como último namorado e que idem me aceita; ele me imprime, a cada olhar que lança certeiro, uma vontade grande de abraçar do meu jeito e de dizer no seu ouvido: “niedlich, hgasywe sadew dfwejuywebvf” . ele, que me faz ter vontade de sapatear na sua frente, eu amo.



Nenhum comentário: