Hoje saí de casa meio hindú.
Saí com olheiras fundas,
olhares-mistério,
calça que desenha bordados em meu corpo esquálido.
Saí com bangalôs pendurados no pescoço,
com partes do "Bhagavad-Gita" a ilustrar meus textos, em janelas de metrô.
Saí adorando uma vaca chamada Hilda.
Hilda Hilst.
Hoje, sem o meu nome cristão, tive mil deuses hindus
a entoar mantras pro meu dia,
já que deuses existem nos sons
mas não há deuses em palavras sânscritas.
Precisei de epifanias hoje.
Não tive plurais, mas tive uma inteira.

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